Mais consciência com mais eficiência
Em maio de 2014, o sistema Cantereira, que tem o compromisso de abastecer 8,1 milhões de pessoas, passou pela crise hídrica. Ele está operando na chamada “reserva técnica”. Trata-se de um reservatório abaixo das comportas das represas da Cantareira, que passou a ser utilizada para atender a população a partir do momento em que os níveis da represa ficaram criticamente baixos. Essa reserva técnica, também conhecida como “volume morto”, fazia com que o sistema Cantareira operasse “no vermelho”.
Por conta do momento crítico da represa, o governo estadual pediu para que a população diminuísse seu consumo de água e energia. Cada pessoa foi atingida com um comercial do governo ao menos 17 vezes sobre a crise hídrica.
Como a crise hídrica afeta as tarifas de energia?
O Brasil é dependente dos recursos hídricos no que diz respeito à geração de energia. Quase 70% da matriz energética é proveniente de hidroelétricas, de acordo com o governo federal, existem mas de 1,5 mil espalhadas pelo país.
Por esses fatores pode-se imaginar o quanto o setor energético é impactado por momentos de estiagem. Para entender melhor essa relação entre água e energia elétrica, vamos compreender um pouco mais como a falta de chuvas pode resultar em contas de luz mais caras e quais são as soluções para evitar isso.
Falta de chuva encarece as tarifas
Em 2015 para tornar mais clara a crise energética em função da crise hídrica o órgão regulador do setor, ANEEL e concessionárias de energia, adotaram o sistema de bandeiras tarifárias, que vem nas contas de luz. Dependendo das condições climáticas, o valor da tarifa básica sobe, conseguem cia da necessidade de ligamento de usinas términas. As bandeiras tarifárias são as seguintes:
- Bandeira Verde: condições favoráveis de geração de energia, sinal de que os reservatórios estão cheios. Em consequência disso as tarifas não sobem.
- Bandeira Amarela: condições menos favoráveis de geração de energia, sinal de que os reservatórios estão em nível de alerta. Nesse caso, a tarifa sobe mais R$ 2,50 a cada 100 kWh consumidos.
- Bandeira Vermelha: condições desfavoráveis de geração de energia, sinal que os reservatórios estão abaixo do nível necessário. Nesse caso, a tarifa de energia sobe mais R$ 5,50 a cada 100 kWh.
Mudança dos hábitos
Com a crise hídrica, anuncio dos governos solicitando economia de água tarifas energéticas e de água mais elevadas o brasileiro mudou seus hábitos e indisponibilidade de água. Entre 2014 e 2015 os banhos de 5 minutos aumentaram muito, correspondendo a 38% da média de tempo gasto.
A frequência dos banhos também foi alterada. Se antes o brasileiro tomava em média 2 ou mais banhos por dia, esse número foi reduzido para menos de 2. Entre os paulistanos a redução foi maior ainda, representando uma média de 12,5 banhos por semana.
A redução ou o uso mais consciente dos produtos elétricos foi algo presente no dia-a-dia das famílias e empresas. Muitas passaram a exigir que desligassem os equipamentos das tomadas. Dessa forma, evitando o consumo dos equipamentos que permanecem em stand-by.
O setor de higiene pessoal também foi outro muito impactado. Em resumo o padrão de consumo mudou. Produtos como shampoo, condicionadores e sabonetes tiveram queda no consumo. Por sua vez, produtos como perfumes, desodorantes aerosol aumentaram suas vendas.
Investindo em fontes mais baratas e renováveis
Enquanto um grande grupo de famílias e empresas pensava em reduzir seu consumo, reduzir o conforto que a energia elétrica trouxe, outras pensaram de maneira diferente e a longo prazo. Os investimentos em energia sustentável, troca de equipamentos pouco eficientes para outros mais eficientes e a inserção das tecnologias de lâmpadas LED se tornaram mais comuns.
Energia fotovoltaica e eólica
A energia fotovoltaica foi uma das maiores saídas. Para quem não queria diminuir o padrão de vida por conta da crise hídrica e das altas tarifas de energia, essa é uma boa opção. Com isso, o setor teve um crescimento muito expressivo entre os anos de 2015 e 201. Isso também foi impulsionado pelos fatores mencionados anteriormente e pelos preços cada vez mais baixos dos investimentos.
Os brasileiros viram na tecnologia uma possibilidade para se livrarem da crise hídrica. Dessa maneira, deram uma melhor utilidade aos seus telhados. Além disso, passaram a contribuir mais com o país, pois com os telhados gerando energia, o desperdício na transmissão foi reduzido.
O investimento é de rápido retorno, duradouro e garantido. Pois a tecnologia possibilitou o retorno do investimento em apenas 2 anos para certos clientes. Isso porque os equipamentos dura no mínimo 25 anos. Em resumo, isso significa economia por muitos anos.
A energia eólica também assumiu papel importante para o país. Porque no Brasil os ventos sopram de maneira certa e no momento ideal. A região do nordeste foi tomada por grande aerogeradores, que possibilitaram um aumento da qualidade de vida na região, já que grande parte dos investimentos vieram do exterior.
Lampadas LED
A iluminação é um fator que interfere diretamente nos custos de conta de luz. Portanto, é um dos principais responsáveis pelos desperdícios.
Por serem equipamentos utilizados constantemente, as lâmpadas representam 20% do consumo de energia elétrica.
Pensando na economia e maior eficiência para os equipamentos, as tecnologias de iluminação avançaram e a utilização de lâmpadas de LED vem se tornando cada vez mais frequente para quem deseja reduzir as despesas com energia elétrica.
O LED (Diodo Emissor de Luz) das lâmpadas faz com que ela trabalhe com maior eficiência, consumindo cerca de 85% menos energia que lâmpadas fluorescentes.
O que esperar do futuro
A pesquisa revelou que a população entendeu que existe um problema e sabem como combater ou minimiza-lo. Por meio das mudanças de hábitos, sabem que conseguem reverter o quadro, mas também têm consciência de que não estão sozinhas nessa luta.
A pesquisa do IBOPE questionou à população quem mais seria responsável pelo crise hídrica e as respostas foram:
45% apontam como principal culpado o governo estadual;
19% acreditam que a SABESP deveria tomar alguma atitude;
18% acreditam que a falta de chuvas é a causa da crise hídrica;
Apenas 10% entende que a população é a principal responsável;
Ou seja, as atitudes do brasileiro estão mudando. Com a chegada de mais chuvas e a economia de recursos, a Cantareira finalmente saiu do volume morto em dezembro de 2015.
Mas será que isso é o suficiente para garantir que continuaremos a ter água disponível no futuro?
Fonte: Kantar IBOPE Media, Kantar Worldpanel, Kantar Futures, IBOPE Inteligência